UNDERSTAND THE STRENGTH OF BRANDING IN THE FAMILY OF GILBERTO GIL
Gilberto Gil lança a neta Flor Fil
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Entenda a força do Branding na família de Gilbert Gil
Por Victor Drummond, Londres
Gilberto Gil acaba de lançar sua neta Flor como cantora. Na verde Gil não a lançou; esta menina já nasceu pronta. E esta terceira geração da família na música profissional é um grande case de branding. Vou explicar daqui a pouco.
Tenho um apreço imenso pelo trabalho e legado da família Gil na arte, na cultura, na música. Começa desde cedo, com meus pais colecionando muitos vinis dos movimentos da Tropicália e MPB, que Gil é grande peça fundamental. Minha mãe também era apaixonada pelo som do Gil. Já adulto, acompanhei alguns shows dele e da filha Preta Gil, que sempre recebeu carinhosamente eu e meu marido Von no camarim. Uma época em São Paulo, Preta até nos reconhecia na primeira fila. “Vocês de novo!”, brincava ela entre um verso e outro da música. Ambos grandes ativistas pela causa negra. E Preta em particular, por um mundo mais inclusivo e com um discurso social e nos palcos totalmente a favor da causa LGBTQIA+, do empoderamento das diversas formas de beleza, como das mulheres gordas e negras, desconstruindo totalmente os padrões impostos pela mídia. Ou seja; importantes vozes empoderadas a favor de minorias e dos direitos humanos, além de grandes contribuintes para o enriquecimento da cultura do Brasil e do mundo – sim, do mundo. Essa semana estava em uma livraria-café muito sofisticada aqui em Londres, a Maison Assouline, e no set list incrível estava tocando Gilberto Gil e Tom Jobim. Não tenho destes rompantes de orgulho nacional, até porque este momento do Brasil não nos pede nenhum tipo de orgulho, mas um exercício de cidadania para combater o fascismo e a censura que se instalam no país. Entretanto, coisas ricas, elegantes, sofisticadas, como o som de Gilberto Gil, nos dá orgulho sim, porque é um pedaço da história cultural e social do país que deu certo. Uma luz sobre uma família negra super talentosa, como diversas outras, no meio de um nação muito racista, mesmo com quase 55% de sua população negra, mas que foi ouvida e respeitada não apenas pelos seus fãs e amigos locais, mas também por especialistas de outras partes do mundo.
Voltando à neta de Gil, Flor Gil, acompanhei a turnê que ele fez pela Europa com seu avô e onde sempre fazia participações com ele no palco. Uma garotinha pré-adolescente, mas com muita segurança e tranquilidade de palco. Agora aos 12 anos, ela lança com o avô um EP Com três canções, com o título de “Gil e Flor – de avô para neta”. Claro que vão surgir muitos críticos e invejosos de plantões ou mesmo haters dizendo: “mas se ela não fosse neta de quem é, não iria lançar este disco.” – “A Preta Gil só é cantora e a Bela Gil só tem um programa de culinária porque são filhas do Gilberto Gil.” “Os Gilsons só estão fazendo sucesso porque são filhos ou neto de um dos sobrenomes mais famosos da música popular brasileira.”- É só você pesquisar. Há dezenas de comentários deste tipo.
E é aí que entra o Branding: uma marca forte só se sustenta no mercado se ela for muito boa. E a marca Gil na música não é só boa; é sinônimo de elegância. É uma marca de quem soube e sabe fazer música como poucos. Eles flertam como uma gama eclética de estilos, que vão do rock, aos ritmos afros, passando pelo jazz, pelo pop, funk, música disco e reggae. E não é todo musicista, cantor, compositor e instrumentista que tem esse olhar e essa capacidade de misturar ritmos e estilos. Conheço de perto pianistas internacionais de música clássica que só saber tocar aquele estilo. Tudo bem com isso. Mas a família Gil é essa mistura, é bossa, que poucos conseguem. E o melhor: a marca Gil foi capaz de criar seu próprio estilo, seu próprio movimento, sua marca própria, como a Tropicália, como Gilberto Gil fez.
E nada mais natural que depois de tantos anos de carreira, tantos anos de estrada, de shows por todo o Brasil e diversos países do mundo, tendo sido galardoado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito, tendo sido nomeado “Artista Pela Paz” pela UNESCO, tendo sido embaixador da ONU para agricultura e alimentação e ministro da Cultura do Brasil – caramba! Que saudades deste período em que o Brasil era respeitado mundo a fora e que os artistas tinham investimento em projetos de arte e cultura. Para quem não sabe, só até o início deste ano, com apenas um ano de mandato – o governo de Jair Messias Bolsonaro tinha cortado verba de mais de 400 projetos culturais. Sim! Ele quer emburrecer a população, não deixá-la sonhar e pensar. O que é muito triste – retomando a marca família Gil e Gilberto Gil: eles são um tremendo case de Branding. Uma super marca. E uma super marca bem administrada não pode sucumbir jamais, nem ser esquecida pelos seus fiéis consumidores. Ela tem valores sólidos, propósitos bem definidos e pilares consistentes. E precisa formar novas gerações no futuro que se relacionem com ela.
Natural portanto, que Gil grave este disco com a Flor. Que ele a lance no mercado. Não apenas como um gesto carinhoso e de generosidade de avó para neta, como o próprio título do disco diz, o que por si só não precisaria de justificativas, nem deste conteúdo. Mas porque uma marca forte que sempre levou experiências, sonhos, anestesia para um mundo cruel em que vivemos – como o faz o poder da música – e entretenimento para milhões de pessoas, precisa continuar. Marcas respeitadas, desejadas, precisam extender o seu legado. Todo músico competente, que quer ser respeitado no meio, sonha em poder compor, gravar, cantar, se apresentar com Gilberto Gil ou com alguém da família.
Tento dentro da minhas limitações e modéstias pessoais e profissionais, levar o legado da minha família na arte e na cultura também. Carrego um sobrenome, o Drummond que tem um peso muito forte na literatura, nas artes, nas ciências políticas, na educação, na história. Aqui no Reino Unido onde tudo começou e onde estou de alguma forma me reconectando com minhas origens e ancestralidades, em Portugal por onde também passaram, no Brasil, onde fizeram importantes contribuições. Sou apaixonado por este universo, pelos trabalhos que alguns familiares e antepassados deixaram. Trabalho com informação, com branding. Porque não levar adiante, do meu jeito, ao meu modo, com meu recurso, um pouco do que sei através da comunicação, do jornalismo, do design, da literatura, campos do saber que se conversam e se complementam o tempo todo?
Flor está certíssima de aceitar este desafio com o avó. Quisera eu, ser filho ou neto de Gilberto Gil, família que amo e respeito! Gil está certíssimo de manter acessa essa centelha de música boa, de música sofisticada, alegre e popular ao mesmo tempo. O Brasil vive um período de trevas. Um governo e boa parte do povo que abominam arte, ciência, cultura, educação, pensadores, meio-ambiente, LGBTs, negros, índios, professores. Gil precisou se exilar aqui em Londres de 1970-1976, fugindo da Ditadura Miliar que perseguia artistas. Que Flor não precise deste exílio para sobreviver. E então quando o cenário cultural parece entrar em decadência e quando a gente se vê preocupado com as próximas gerações que não terão um Gilberto Gil compondo, tocando e cantando para elas ao vivo, ele vem e deixa esta mesma linda Flor e seus vários Gils cumprindo este papel maravilhoso de semear leveza e esperança. Obrigado por serem este branding que vão além do poder de uma marca: vocês são uma experiência de usuário que nos transcende para outro tempo e espaço! Viva o poder da música! Viva a família e marca Gil!
E claro, se você quer ouvir o álbum Gil & Flor – de avó para Neta, ele já está disponível em todas as plataformas digitais.
Deixe essa marca viva dentro de você!
English Version
Understand the strength of Branding in the family of Gilberto Gil
Gilberto Gil launches grand daughter Flor Gil
By Victor Drummond, London
Gilberto Gil has just released his granddaughter Flor as a singer. Indeed Gil did not launch her; this girl was born ready. And that third generation of the family in professional music is a great branding case. I’ll explain it a later.
I have an immense appreciation for the work and legacy of the Gil family in art, culture, music. It starts from an early age, with my parents collecting many vinyls from the movements of Tropicália and MPB, which Gil is a great fundamental piece. My mother was also in love with Gil’s sound. As an adult, I attended some shows of him and his daughter Preta Gil, who always received my husband Von and me in her dressing room. Once in São Paulo, Preta even recognized us in the front row. “You again!”, She joked between verses and songs. Both great activists for the black cause. And Preta in particular, for a more inclusive World and with a social speech and on the stages totally in favor of the LGBTQIA + cause, of the empowerment of different forms of beauty, such as fat and black women, totally disregarding the standards imposed by the media. That is; important empowered voices in favor of minorities and human rights, as well as major contributors to the enrichment of the culture of Brazil and the world – yes, the world. This week I was in a very sophisticated coffee shop here in London, Maison Assouline, and on the incredible set list Gilberto Gil and Tom Jobim were playing. I do not have these outbursts of national pride, not least because this moment in Brazil does not ask us for any kind of pride, but it demands us an exercise in citizenship to combat fascism and censorship that are installed in the country. However, rich, elegant, sophisticated things, like the sound of Gilberto Gil, give us pride, because it is a piece of the country’s cultural and social history that has worked. A light on a super talented black family, like many others, in the middle of a very racist nation, even with almost 55% of its black population, but which was heard and respected not only by its fans and local friends, but also by experts from other parts of the world.
Returning to Gil’s granddaughter, Flor Gil, I followed the tour she made in Europe with his grandfather and where she always participated with him on stage. A little pre-teen girl, but with a lot of security and tranquility on stage. Now at the age of 12, she releases with her grandfather an EP with three songs, entitled “Gil e Flor – from grandfather to granddaughter”. Of course, there will be many critics and envious on duty or even haters saying: “but if she was not his granddaughter, she would not release this album.” – “Preta Gil is only a singer and Bela Gil only has a cooking tv program because they are the daughters of Gilberto Gil.” “The Gilsons are only successful because they are the children or grandson of one of the most famous surnames in Brazilian popular music.” – Just search. There are dozens of comments of this kind.
And that’s where Branding comes in: a strong brand can only be sustained in the market if it is very good. And the Gil brand in music is not only good; is synonymous of elegance. It is a mark of those who knew and know how to make music like few others. They flirt like an eclectic range of styles, ranging from rock, to African rhythms, through jazz, pop, funk, disco and reggae music. And not every musician, singer, composer and instrumentalist has this look and this ability to mix rhythms and styles. I know international pianists of classical music who only play that style. That’s okay with that. But the Gil family is that mixture, it is bossa, that few can do. And the best: the Gil brand was able to create its own style, its own movement, its own brand, like Tropicália, as Gilberto Gil did.
And nothing more natural than after so many years of career, so many years on the road, concerts all over Brazil and several countries in the world, having been awarded by the French government with the National Order of Merit, having been named “Artist for Peace” by UNESCO, having been UN ambassador for agriculture and food and Minister of Culture of Brazil – damn it! I miss this period when Brazil was respected worldwide and that artists had investments in art and culture projects. For those who do not know, only until the beginning of this year, with only one year in office – the government of Jair Messias Bolsonaro had cut funds from more than 400 cultural projects. Yes! He wants to dumb down the population, not let them dream and think. Which is very sad – taking up the Gil and Gilberto Gil family brand: they are a tremendous branding case. A super brand. And a well-managed super brand can never succumb, nor be forgotten by its loyal consumers. It has solid values, well-defined purposes and consistent pillars. And it needs to form new generations in the future that relate to it.
It is natural, therefore, that Gil recorded this album with Flor. That release her on the market. Not just as a loving gesture and generosity from grandfather to a granddaughter, as the title of the album says, which in itself would not need justification, nor this content. But because a strong brand that has always brought experiences, dreams, anesthesia to a cruel world in which we live – as does the power of music – and entertainment for millions of people, needs to continue. Respected, desired brands need to extend their legacy. Every competent musician, who wants to be respected in the middle, dreams of being able to compose, record, sing, perform with Gilberto Gil or someone in the family.
Within my personal and professional limitations and modesties, I try to take my family’s legacy in art and culture as well. I carry a surname, Drummond, who has a very strong weight in literature, in the arts, in the political sciences, in education, in history. Here in the United Kingdom where it all started and where I am somehow reconnecting with my origins and ancestry, in Portugal where they also went, in Brazil, where they made important contributions. I am in love with this universe, with the work that some family members and ancestors left. I work with information, with branding. Why not carry on, in my own way, with my resource, a little of what I know through communication, journalism, design, literature, fields of knowledge that talk and complement each other all the time?
Flor is totally right to accept this challenge with her grandfather. I wish I could be a son or grandson of Gilberto Gil, a family I love and respect! Gil is correct to keep that spark of good music, sophisticated, cheerful and popular music at the same time. Brazil is experiencing a period of darkness. A government and a relevant part of the population who hate art, science, culture, education, thinkers, environment, LGBT people, blacks, native indians, teachers. Gil had to go into exile here in London from 1970-1976, fleeing the Militarian Dictatorship that was chasing artists. May Flor not need this exile to survive. And then when the cultural scene seems to be in decline and when we are concerned about the next generations who will not have a Gilberto Gil composing, playing and singing for them live, he comes and leaves this same beautiful Flor and his various Gils fulfilling this wonderful role of sowing lightness and hope. Thank you for being this branding that goes beyond the power of a brand: you all are a user experience that transcends us to another time and space! Live the power of music! Long live to the family and brand Gil!
And of course, if you want to hear the album Gil & Flor – from grandfather to granddaughter, it is now available on all digital platforms.
Leave that mark alive inside you!